Arquitetas Invisíveis apresentam 48 mulheres na arquitetura: Arquitetura Social

Para celebrar o Dia das Mulheres, pedimos ao coletivo brasileiro Arquitetas Invisíveis, com sede em Brasília, que compartilhassem conosco parte de sua pesquisa que identifica e enaltece o trabalho das mulheres na Arquitetura e Urbanismo, elas gentilmente nos cederam este material - que apresenta 48 mulheres divididas em sete categorias: pioneiras, "nas sombras", arquitetura, paisagismo, arquitetura social, urbanismo e arquitetura sustentável – que será publicado separadamente durante esta semana.

Hoje, apresentamos as arquitetas que se destacam no campo social.

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Arquitetura social

Com vocação altruísta, algumas arquitetas se dedicaram a um trabalho com o foco no outro. Atentas às demandas sociais e preocupadas com a desigualdade, com empenho convergiram seus esforços para democratizar a arquitetura, entendendo-a como uma forma viável de resolver problemas sociais. Jane Drew projetou escolas, habitações de interesse social e hospitais para Chandirgarh, na Índia, entendendo que a arquitetura deveria sempre ter como foco as necessidades da população. Atuando em outro sentido, mas com as preocupações de caráter social em mente, Julie Eizenberg soube enfatizar a importância de se ter construções econômicas, mas de excelente arquitetura, não importando o quão apertado fosse o orçamento, evidenciando a responsabilidade social que imbuía à profissão. Já Mayumi Souza Lima deu especial atenção às necessidades das crianças, discutindo e analisando os espaços que a elas eram destinados e projetados. Além disso, quando professora, costumava levar seus alunos para conhecerem favelas, visando maior politização dos estudantes de arquitetura. Elisabete França é diretora do Studio 2E Ideias Urbanas, trabalhando principalmente com planos habitacionais de áreas vulneráveis (favelas, cortiços e locações fundiárias). Por fim, Julia King, que está sendo responsável pela implementação de um sistema de esgotos em favelas na Índia, trazendo grande ganho na qualidade de vida dos moradores.

ELISABETE FRANÇA

Elisabete França. Imagem via Moscow Urban Forum

Arquiteta brasileira. É Diretora do Studio2E Ideias Urbanas. Desde 2000, tem atuado na área de consultoria junto a organizações internacionais como o Banco Mundial, Banco Interamericano de Desenvolvimento e UN-Habitat, com projetos desenvolvidos em mais de 14 países. Há mais de três décadas tem se dedicado à divulgação da arquitetura e urbanismo, promovendo eventos, concursos e exposições no Instituto de Arquitetos do Brasil e na Secretaria de Habitação. Em 2002, foi a curadora do Pavilhão Brasileiro, na 8ª Bienal de Arquitetura de Veneza. É autora e organizadora de mais de vinte publicações sobre arquitetura e urbanismo e coordenadora editorial da série Novos Bairros de São Paulo, editada pela Secretaria de Habitação do Estado de São Paulo (Sehab).

JANE DREW

Jane Drew. © Jorge Lewinski

Arquiteta inglesa nascida em 1911. Fez vários projetos em regiões da África e da Ásia onde pouco havia além de pessoas passando fome. Ao invés de trabalhar com equipamentos e mão de obra estrangeiras, preferiu contratar a população local, assim as pessoas poderiam ganhar dinheiro para comer no dia seguinte e ainda aprendiam técnicas de construção. Projetou escolas, hospitais e habitações de interesse social em Chandirgarh, Liverpool, Lagos, Gana, entre outros. Jane faleceu em 1996 aos 85 anos de idade.

Le Corbusier e Jane Drew em Chandigarh. © FLC-ADAGP
Conjunto Habitacional em Chandigarh. Imagem via RIBA Library and Photographs Collection
Centro de Saúde em Chandigarh. Imagem via RIBA Library and Photographs Collection

JULIA KING

Julia King

Arquiteta premiada em 2014 como “arquiteta em ascensão ou emergente”, projetou e implementou um sistema de esgotos para as favelas da Índia. Também fez projetos de habitação, saneamento e deu workshops de ferrocimento nas favelas da periferia em Nova Delhi, o que está garantindo mudanças excepcionais na qualidade de vida da região.

JULIE EIZENBERG

Julie Eizenberg. Imagem via AIA

Arquiteta nascida em 1964, fundou ao lado do marido, Hank Koning, a Koning Eizenberg Arquitetos (KEA). Reorientou a atenção dos arquitetos sobre o potencial valor e elaboração de projetos socialmente responsáveis, demonstrando a excelência arquitetônica mesmo para orçamentos apertados, projetos de habitação econômica e prédios comunitários.

Farmer's Market, Los Angels, Califórnia. © Benny Chan
Museu da Criança, Pittsburgh, EUA. © Eric Studenmaier
Children's Institute, Inc. Otis Booth Campus, Los Angeles, California, EUA. © Esto

MAYUMI SOUZA LIMA

Japonesa naturalizada brasileira, Mayumi nasceu em 1934 e faleceu em 1994, aos 60 anos de idade. Fez o detalhamento e coordenação das obras do MASP, elaboração de modelos de projetos para escolas públicas, construção de escolas no Jardim Fortaleza e no Bairro da Varginha (projetos participativos). Em Brasília, como parte de sua pesquisa de mestrado em 1964 (e em conjunto com Sérgio Souza Lima, Fernando Burmeister e Geraldo Santana), Mayumi concebeu a Unidade de Vizinhança São Miguel (SQN 107). Na área da educação, destacou-se pela discussão sobre a atuação profissional dos arquitetos a partir da crítica ao modo de produção capitalista. Ao longo de mais de trinta anos de trabalho junto a educadores, administradores de ensino básico, creches e crianças dentro e fora de instituições, a autora discutiu e analisou questões relativas aos espaços destinados às crianças em nossa sociedade. 

Não deixe de acompanhar e conhecer durante esta semana as arquitetas presentes nas outras categorias. E veja as outras categorias já publicadas aqui.

Sobre este autor
Cita: Victor Delaqua. "Arquitetas Invisíveis apresentam 48 mulheres na arquitetura: Arquitetura Social" 12 Mar 2015. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/763618/arquitetas-invisiveis-apresentam-48-mulheres-na-arquitetura-arquitetura-social> ISSN 0719-8906

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